segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Prezados cidadãos Ciganos Brasileiros

Prezados Cidadãos Ciganos Brasileiros,

Hoje, com o propósito de trabalhar em defesa dos direitos das comunidades Ciganas, reunimos 5 Associações coirmãs:

UCB – União Cigana do Brasil - do Rio de Janeiro,
APRECI – Associação de Preservação da Cultura Cigana – do Paraná,
CERCI – Centro de Estudos e Resgate da Cultura Cigana – São Paulo,
CCCB – Coletivo de Ciganos Calon do Brasil – São Paulo e
ABRACIPR – Associação Brasileira dos Ciganos no Paraná,

e lançamos uma bandeira de união, para atingir os melhores propósitos para o nosso povo Cigano:

“ CIGA – NOS, PELA LIBERDADE E INDEPENDENCIA DAS COMUNIDADES CIGANAS BRASILEIRAS.”

A proposta é, discutir e propor ações coletivas das comunidades Ciganas que visem afirmar nosso meio de vida, nômades ou sedentários, respeitando nossa cultura, os direitos individuais e coletivos, a profissão de fé livre, de escolha democrática em suas preferências políticas e, dentro das Leis que regem o nosso País, respeitando a Constituição Brasileira, lutar pelo bem mais precioso que norteia a filosofia de vida Cigana, a LIBERDADE.

Para tanto, não elegemos uma liderança. Não temos uma chefia. Nomeamos somente um coordenador de trabalhos, que não tem poder de decisão. Tem somente a obrigação de coordenar as atividades de todos, organizando reuniões, debates e levando a todos as mais diversas opiniões e, ao final do debate, dar conhecimento a todos da resolução coletiva da proposta apresentada.

Entendemos que, cada comunidade, cada acampamento Cigano tem sua própria liderança, que deve ser ouvida e respeitada. Cada acampamento tem a sua liderança nata, aceita por sua comunidade, que exerce a liderança em nome daqueles cidadãos.

Não podemos continuar como hoje, onde uma entidade que deveria defender, propor e exigir ações afirmativas e dar visibilidade ao povo Cigano, faça exatamente o contrário.

Tomem como exemplo o Estatuto da Igualdade Racial, recentemente aprovado pelo Governo Brasileiro.

Em sua redação inicial, os Ciganos eram citados em 02 (dois) artigos. Muito pouco para nossas inúmeras necessidades, mas pelo menos, os dois artigos afirmavam que nós – os Ciganos – existíamos. Pois a nossa representação no governo foi tão omissa que foi aprovada a nova redação sem citar, uma só vez, o povo Cigano. No Estatuto da Igualdade Racial, Ciganos não existem.

E não adianta esta mesma representação ficar propalando que trabalhou para dar maior visibilidade ao povo Cigano. O resultado do Estatuto aprovado pelo governo nos prova que aconteceu exatamente o contrário. Que a pequena visibilidade conseguida, foi jogada fora por omissão e desleixo da incompetência.

Também as propostas que compõem a famigerada cartilha dos direitos Ciganos. Propostas sugadas da luta de Cláudio Iovanovitchi, da APRECI do Paraná em propostas anteriores.

Durante a Plenária de Comunidades Tradicionais, em Brasília, a ABRACIPR, em nome do Grupo dos 5, apresentou mais de 40 (quarenta) propostas a Plenária, com projeção de slaides, leitura detalhada e aprovadas por todos os presentes. A apresentação mereceu elogios da mesa organizadora e, ao final da apresentação, foi entregue o CD contendo as propostas aprovadas, aos senhores relatores. Como por “milagre”, sumiram todas as propostas aprovadas e restaram somente as 29 da representante do Conselho, constituindo-se em absurdo crime para com os interesses das comunidades Ciganas. As propostas foram apresentadas em nome de diversas comunidades Ciganas, ações concretas de interesse do povo Cigano e foram aprovadas por uma Plenária de Ciganos. Como sumiram? Por manipulação política com o único objetivo de preservar a vaidade pessoal e a falsa representação Cigana.

Diante dos acontecimentos, aproveitam a oportunidade e dizem que, nós, Ciganos, brigamos entre nós e por isso temos que ser liderados.

A afirmativa é absurdamente infeliz. Seria afirmar que o povo brasileiro é briguento porque está discutindo o momento político do país. Seria negar o processo democrático de se discutir idéias e continuar seguindo os currais estabelecidos na antiguidade e que, lamentavelmente, ainda existem.

Os Ciganos brigam sim. Discutem idéias e aprovam o que for de melhor para sua comunidade ou seu acampamento. Mas a tal líder não quer que isso aconteça. Quer impor idéias e conceitos que interessam a outros e que, em nada ajudam os Ciganos.

Basta Ciganos! Não precisamos de falsos líderes. Como não precisamos de falsos profetas.
Somos um povo livre.
Vamos discutir as idéias e aprovar o que for melhor para o nosso povo.
Chega de mentiras. O que foi feito pela educação das nossas crianças?
Se o pai e a mãe não educarem, outros não fazem.
O que foi feito pela nossa saúde?
Se não pagar o médico, ninguém nos atende.
O que foi feito pela nossa identidade, por nossos direitos sociais – bolsa família e outros – ou pelo direito ao trabalho? Nada! Absolutamente, nada.

Ah, mas temos o Dia do Cigano. Que beleza.
Todo dia é o dia do Cigano.
Do Cigano com fome. Do Cigano pobre. Do Cigano analfabeto. Do Cigano doente.
Comemorar o que?
O Dia do Cigano, quando eles convidam meia dúzia de puxa sacos, levam de avião pra Brasília e no dia seguinte, depois do café da manhã, mandam de volta para suas casas?
É pouco, muito pouco.

Nós queremos mais.
Queremos nossos direitos como qualquer cidadão brasileiro.

Não nos interessa confronto com o Governo Brasileiro, nem com suas entidades constituídas. Queremos o direito de propor ações concretas de melhorias para o cidadão Cigano Brasileiro. Propor e ser ouvido. Ser ouvido e atendido nas propostas dos direitos constitucionais.
Saúde, educação, trabalho e respeito as nossas culturas e conhecimentos.

Por tudo isso, irmãos Ciganos, é que pedimos que se junte a nós em nossa luta, em defesa de nossa bandeira:


" CIGA-NOS, PELA LIBERDADE E INDEPENDÊNCIA DAS COMUNIDADES CIGANAS BRASILEIRAS"

Contamos com sua adesão. Mande-nos um e-mail de apoio a nossa bandeira e estaremos incluindo o seu nome junto aos 5 que tomaram esta iniciativa.

abracipr@hotmail.com

Caminhemos juntos rumo a liberdade e independência do povo Cigano Brasileiro.
Em defesa da educação, da saúde, da aposentadoria dos nossos velhos, do espaço garantido para montar nossos acampamentos, da oportunidade e direito de exercer nosso trabalho, do respeito para com nossa cultura, do Cidadão Cigano Brasileiro.

Um comentário:

  1. Gostaria de saber onde encontra comunidades ciganas no estado de São Paulo.
    Obrigado.

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